A alimentação sempre
foi objeto de grande preocupação da civilização e caracterizou grandes mudanças
na sociedade, tanto na pré-história quanto na sociedade contemporânea. Partindo
da necessidade fisiológica de buscar alimento para poder interagir na sociedade,
o ser humano, enquanto coletor na pré-história, praticava o ato da escolha na
observância dos itens disponíveis na natureza, porém tal escolha baseava-se na
necessidade, portanto, a coleta era um ato limitado à necessidade e não ao
prazer do alimento ou na preocupação em reservá-lo. O fato de poder escolher ou
ainda a utilização do fogo para cocção dos alimentos denota a busca pelo prazer
e sobrevivência, portanto, o homem pré-histórico dotado do livre arbítrio e
informações básicas, pratica a Gastronomia, que segundo Arkhestratus é o
“estudo das leis do estômago”. O poderio Romano também gerava grandes avanços
na alimentação, sendo alguns de seus costumes herdados nas culturas alimentares
mais representativas do mundo moderno, como a italiana e francesa. A
civilização asiática se mostrou muito mais evoluída na percepção do alimento e
já em 600 A.C. tinha a alimentação como “medicina do povo” e buscava equilíbrio
com a natureza para assim equilibrar o corpo e a alma. A Gastronomia como
produto começou a ser explorada nas estalagens ainda em Roma dos tempos
antigos. Após a Renascença, o mundo ocidental civilizado viu uma grande mudança
na percepção do alimento e deste ritual, que destacava características dessa
sociedade complexa. A cultura alimentar francesa foi grande inspiradora no
ocidente, que, aproveitando do momento histórico favorável ao seu
desenvolvimento e disseminação, ditou as regras da aristocracia e burguesia
européia entre os séculos XVI e XX. O chefe de cozinha na França era a mão de
obra talvez mais bem paga e, portanto estes eram verdadeiros ditadores do modo
de se alimentar das altas classes, que também era ambicionado pelas classes
mais pobres – era o modelo francês impondo-se no mundo. Tal produto tornou-se
ainda mais famoso com o advento do restaurante, estabelecimento tipicamente
francês e logo adotado pelo mundo. O século da pós-cozinha é inspirado nos
chefes de vanguarda que com idéias modernistas e conceitos franceses que
ditavam modelos, fez do ato da alimentação suplantar a ideia básica de
nutrição, ou nutrição aliada ao prazer, à caracterização de um momento único,
que de tão rápidas as mudanças, um conceito muda diariamente, dependendo da
interpretação. No século XXI, se paga altos preços em restaurantes
especializados em servir pequenas porções do tamanho de colheres que são nada
mais que grandes experiências momentâneas. O modelo Francês que de tão
hedonista progrediu até a chamada Fusion Food, ou mistura de cozinhas e
conceitos de diversas etnias. Tal mudança gerada pelo conhecimento da sociedade
moderna fez com que a especialização da mão-de-obra se tornasse muito mais
aprofundada, demandando conhecimento que a geração empírica dos séculos
passados fosse substituída pela capacidade de aliar conhecimentos à prática
profissional. A Gastronomia como tecnologia, apresenta-se no século XXI como a
necessidade de fundamentar nos agentes sociais o conhecimento para, portanto,
proporcionar a evolução desta nova ciência. Para se estudar tal arte hoje, se
faz necessário o conhecimento de receitas antigas como as do caderno da vovó ou
os ensinamentos dos cozinheiros mais experimentados, mas também ingressar no
desafio de aliar grandes áreas do conhecimento às ações comunicativas da
alimentação, como por exemplo, o estudo da composição química dos alimentos
para aplicação dos métodos de cocção, ou ainda as técnicas gerenciais ou
conhecimentos econômicos no empreendedorismo gastronômico.
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